Planejando a vida após os 60 anos de idade


Em comparação com o status dos mais velhos nas sociedades tradicionais, o que mudou nas sociedades atuais? Um conjunto de fatores mudou enormemente para melhor, mas muitos outros mudaram para pior.

A boa notícia é que, na média, os idosos desfrutam vida mais longas, saúde muito melhor, têm mais oportunidades de recreação e estão sujeitos a muito menos perdas de filhos do que em qualquer outra época da história humana.

A expectativa média de vida em 26 países do Primeiro Mundo é de 79 anos (a mais alta é de 84 anos, no Japão). Isso é aproximadamente o dobro do número encontrado nas sociedades tradicionais.  Dentre o grupo dos americanos que atingem os oitenta anos, 57% dos homens e 68% das mulheres chegam a conhecer seus bisnetos, proporções muito maiores do que as do passado.

A porcentagem da população total que hoje tem 65 anos ou mais é de apenas 2% nos países mais pobres, mas dez vezes maiores em alguns países do Primeiro Mundo. Nunca antes uma sociedade humana teve de lidar com uma proporção tão elevada de idosos. [1]

E é essa realidade que está transformando a cada dia as nossas sociedades, dentro de panoramas políticos, econômicos e culturais de diferentes regiões do planeta.  

No Brasil, uma criança nascida em 2015 pode esperar viver 20 anos mais do que se tivesse nascido há 50 anos. Os dados são do Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde 2015, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e sinalizam que o Brasil está envelhecendo mais rapidamente do que a média internacional.

Em 2050, a população idosa brasileira será três vezes maior do que é hoje (dos 201,5 milhões de habitantes no país, 13% tinha mais de 60 anos em 2013) e passará para 30%, enquanto a mundial duplicará. Em breve, o Brasil será considerado uma nação envelhecida, classificação dada aos países com mais de 14% da população acima de 60 anos.

Para a Dra. Margaret Chan, Diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, “A perda das habilidades comumente associada ao envelhecimento na verdade está apenas vagamente relacionada com a idade cronológica das pessoas. Não existe um idoso ‘típico’”.

O país está em processo de envelhecimento e, apesar da perda de vitalidade inerente à idade, o idoso hoje vive mais, está mais saudável, ativo e produtivo.

A sociedade tem visão estereotipada do idoso, com doenças que consomem recursos da saúde e incapacitados para uma vida social. Apenas uma pequena parcela da população idosa está nessa condição, o que não representa a maioria dos idosos que participam ativamente de atividades sociais e intelectuais.

Frente a essa novo panorama social do idoso brasileiro, fica a pergunta: “Como os brasileiros estão se planejando para viver mais e melhor?”

Ao que tudo indica, a nossa atual sociedade não parece estar muito atenta às projeções da velhice e ao futuro a longo prazo, cujas prioridades atuais estão nas conquistas e realizações mais próximas e imediatas.

Uma pesquisa realizada pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) em abril desse ano, com consumidores, mostra que 57% dos brasileiros não fazem planejamento de aposentadoria.

Outra pesquisa realizada pela PUC do Rio Grande do Sul, em novembro de 2013, com jovens entre 18 e 34 anos, faixa etária da chamada “Geração Y”,  mostrou que a ideologia dos participantes é acumular experiências e não juntar patrimônio. Eles querem conhecer o mundo (66%) e ser feliz no trabalho (47,9%), além do desejo de formar família (38,5%).

Para muitos o sonho de uma aposentadoria tranquila e independente começa cedo, no planejamento de morar em um lugar tranquilo, na praia ou no campo.  Enquanto para outros, a realidade socioeconômica permitirá que a velhice chegue sem muito planejamento.

Independente da visão da atual Geração Y, que será o futuro de nosso País, é muito importante que exista a consciência de optar pela previdência oficial, o INSS. O recolhimento deve ser feito mesmo quando o adulto em idade produtiva resolver “dar um tempo” para estudar ou viajar, pois a falta de recolhimento certamente prejudicará ainda mais o futuro dos que não pretendem acumular patrimônios, uma vez que o imposto é cumulativo.

Existem cerca de 26 milhões de idosos no Brasil e a maioria deles vive com alguém da família. Do total, cerca de 2,7 milhões dos homens e mulheres, com mais de 60 anos, moram sozinhos. Dos solitários, 1,8 milhão é formado por mulheres, enquanto 938 mil são homens.

Contudo, aquela pequena parcela de idosos que realmente precisa de cuidados especiais com a saúde ou que não têm a opção de viver com familiares recorrem às Casas de Repouso para Idosos ou as novas Instituições de Longa Permanência para Idosos, as chamadas ILPIs.

De acordo com a Promotoria de Justiça do Idoso do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), existem 370 casas cadastradas no órgão de Vigilância Sanitária Municipal na capital, entre instituições públicas, filantrópicas e particulares. No Brasil, o número é de cerca de 5 mil, segundo dados da Associação das Casas de Repouso para Idosos do Estado de São Paulo (Acresp).

  
Casas de Repouso ou de Longa Permanência

As Casas de Repouso, ou ILPIs, vem mudando as suas características nos últimos anos e ganhando popularidade como uma das formas de cuidado com os idosos. Hoje elas são praticamente uma extensão da própria residência, oferecendo todo o suporte necessário para manter a saúde integral de seus hóspedes.

A promoção do bem-estar e da qualidade de vida são as palavras-chave para esse novo conceito de moradia, que além do suporte médico promove a integração e convívio social por meio de inúmeras atividades, que vão do lazer às terapias alternativas.

Como nem todo idoso se encontra em condições de saúde fragilizadas, a proposta das Instituições de Longa Permanência é o de manter os idosos sempre ativos, tanto fisicamente, quanto socialmente e intelectualmente.

De origem Alemã, o SBA Residencial, na zona Oeste de São Paulo é um exemplo moderno de lar e comunidade, que há quase 100 anos nasceu com o propósito de cuidar de idosos com todos os elementos fundamentais para a manutenção da saúde física e mental, muito antes de qualquer tendência de ILPIs.

É uma opção para quem quer aproveitar o tempo e a disposição que a terceira idade pode oferecer, com mais liberdade e qualidade de vida. Também é alternativa para quem apresenta independência e autonomia limitadas e precisa de cuidados especiais, sem abrir mão de um ambiente alegre e agradável.

“O importante é criar um ambiente familiar que preserve as memórias afetivas e emocionais. Aqui, os hóspedes do residencial decoram suas casas do jeito que quiserem, com seus móveis e pertences. Nós temos vários exemplos de moradores que contrataram até decoradores para que suas casas atendessem seus gostos. Atualmente mais de 90% de nossos moradores vieram por vontade própria, em busca de qualidade de vida e bem-estar”, ressalta o Sr. Thomas Polisaitis, Gerente Geral da SBA Residencial.

Essa nova proposta de "lar" representa uma mudança no próprio regime de internação permanente, como única alternativa possível para pessoas que não podem ou, simplesmente, não querem ficar sozinhas durante o dia.

Adaptada aos cuidados e resolução dos problemas dos idosos e familiares, ganha força, trazendo um meio-termo interessante para todas as partes envolvidas no processo de envelhecimento. Trata-se de uma união entre serviços parciais de hotelaria, atendimento com equipe multiprofissional de saúde, integração social e lazer, tanto para os doentes crônicos, quanto para os idosos em plena forma.

Psicólogos, geriatras, fisiatras, enfermeiros, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, entre outros profissionais multidisciplinares cuidam da saúde e bem-estar de cerca de 200 moradores do SBA Residencial, independentes, parcialmente dependentes ou dependentes de cuidados especiais constantes.

Para os doentes crônicos ou em fase de recuperação pós-cirúrgica, uma alternativa intermediária é o hospital de longa permanência ou hospital de retaguarda, cuja recuperação se torna mais fácil e menos traumática, podendo ser mais rápida. “Os bons hospitais de retaguarda oferecem estrutura médica completa, porém com menor risco de infecções e um ambiente bastante acolhedor que aproxima o paciente da família, da natureza e de outras pessoas”, explica Dra. Daniela Gomez, médica geriatra coordenadora de saúde do SBA Residencial.

A ala de longa permanência do SBA Residencial  é especializada no tratamento de doentes crônicos, reabilitação, pós-cirúrgico ou momentos especiais de saúde. “Não temos especialização em nenhuma patologia específica, pois a situação crítica já foi atendida no hospital. Quando o paciente chega para nós, nosso objetivo é garantir conforto, qualidade de vida e rápida recuperação. Para isso, temos muito carinho e personalização no atendimento”, ressalta a geriatra Gomez.

O grande diferencial dessa modalidade de atendimento ao idoso é a tranquilidade de saber que ele está recebendo o melhor cuidado possível . Esse sistema permite que o idoso volte para a casa no final do período da estada, mantendo o núcleo familiar ativo e integrado.


Legenda Fotos: Uma Vila Alemã
Em meio a 27 mil metros quadrados repletos de áreas verdes e ruelas estão localizadas as casas e prédios do SBA Residencial, cuja arquitetura e ambientação lembram vilarejos alemães.



 



Fontes: [1] Jared Diamond, O Mundo Até ontem; Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde 2015; SPC (Serviço de Proteção ao Crédito); PUC do Rio Grande do Sul; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Associação das Casas de Repouso para Idosos do Estado de São Paulo (Acresp); Promotoria de Justiça do Idoso do Ministério Público de São Paulo (MP-SP)


Saúde Repórter visitou as instalações da SBA Residencial à convite da Instituição

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