Segundo a OMS, a enxaqueca está entre as quatro doenças crônicas mais incapacitantes do planeta
A enxaqueca ou migrânea é uma das mais de 200 dores de cabeça
existentes, considerada uma cefaleia primária, com múltiplas manifestações como
distúrbios visuais e manifestações sensitivas que provocam dormência nos braços
e rosto.
O que muitos não sabem é que a enxaqueca é uma doença
biológica que possui uma alteração química e genética, ou seja, um indivíduo
nasce com uma disfunção química herdada de um familiar. Quando essa pessoa é
exposta aos diversos fatores desencadeantes, a dor é desenvolvida.
Entre os fatores que podem suscitar a enxaqueca estão:
1) Dieta: com alimentos embutidos, queijos
amarelos, vinho tinto, molhos vermelhos e chocolate;
2) Ambientais: luz, barulho, odor, movimentos,
mudança nos horários do sono;
3) Psicológicos: estresse físico e emocional
4) Hormonal: mais frequentes nas mulheres por conta
das oscilações hormonais nas fases pré, intra e pós menstrual.
“É importante lembrar que cada paciente é diferente um do
outro, não é todo mundo que vai ter enxaqueca por que comeu chocolate. O
paciente é individual, ele vai ter as suas sensibilidades e seus próprios gatilhos”,
ressalta a Dra. Célia Roesler, vice-coordenadora do Departamento de Cefaleia da
Academia Brasileira de Neurologia.
Muitas vezes é quase impossível identificar as reais causas
das intensas dores de cabeça, mas elas ocorrem devido a múltiplos processos do
organismo. Durante as crises há alterações tanto vasculares quanto em vias
neurais.
O processo da crise começa basicamente com a liberação de
substâncias inflamatórias e intensidade de estímulos elétricos do cérebro,
causando a dilatação dos vasos sanguíneos, responsável pela intensidade da
cefaleia.
Para a Dra. Roesler, a enxaqueca pode começar na
adolescência, mas ela piora muito na idade produtiva, fase em que o paciente assume
compromissos e responsabilidades como faculdade, trabalho e constitui família,
impactando na qualidade de vida.
Apesar da eficácia associada a um arsenal terapêutico
disponível para o tratamento da enxaqueca, uma grande parte dos pacientes não
ficam sem dor.
De acordo com Antônio Eduardo Damin, neurologista pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os medicamentos para crise
devem atuar nos dois fatores desencadeantes, os neurais e vasculares. ”O
paciente pode fazer um tratamento com princípios ativos como a sumatriptana,
que vai tratar a vasodilatação, e o naproxeno, que trata a inflamação. Hoje,
ele consegue encontrar essas duas substâncias em um único comprimido, mas que
agem de forma sinérgica. Quando combinado, o tratamento precisa resolver os
reais fatores que levam à dor”, destaca o doutor.
As enxaquecas manifestam-se em crises recorrentes e
atrapalham tanto a vida dos pacientes, que são responsáveis por abstinência no
trabalho e queda da produtividade. Estima-se que 1,4% do total de anos de vida
saudável dos pacientes afetados são interrompidos pelas fortes dores de cabeça.
Ao considerar a expectativa de vida dos brasileiros de 75
anos de idade, essa estatística corresponde a pouco mais de um ano dentro de um
quarto escuro e longe do convívio social. De acordo com a Sociedade Brasileira
de Cefaleia (SBCE), a enxaqueca acomete mais de 30 milhões de brasileiros e é
responsável por 35% das consultas neurológicas no país. A prevalência ao longo
da vida pode chegar a 43% das mulheres e 18% dos homens. Apesar disso, metade
dos pacientes permanecem sem diagnóstico.
Mesmo entre aqueles em tratamento para o problema, 30%
voltam a sentir o incomodo nas primeiras 24 horas a crise, o que os médicos
chamam de recorrência. E esse retorno da dor retira a pessoa mais uma vez do
convívio social, trazendo sensação de impotência, perda de momentos importantes
e até mesmo perda de controle sobre si mesmo e sobre sua vida.
Os pacientes acometidos sentem dor de cabeça latejante e
unilateral que pode mudar de lado e, dependendo da intensidade da crise, corre
o risco de ficar impossibilitado de realizar suas atividades habituais como
trabalhar, levar o filho na escola, fazer happy hour com os amigos etc.
Ela gera, em sua fase crítica, sintomas como intolerância à
luz, aos ruídos e a odores; além de náusea e vômito. Movimentos bruscos do
crânio e esforços físico e mental também podem agravar o sofrimento durante a
fase aguda.
Aos primeiros sinais de uma crise, o medo do paciente em
sentir a dor o leva muitas vezes a tomar analgésicos de forma indiscriminada e
recorrente. Esse fato gera o conhecido efeito “rebote” que promove no cérebro
uma paralisação na produção natural de endorfinas para o alívio da dor, ficando
dependente do estímulo de drogas. Sendo assim, a ação analgésica do medicamento
fica prejudicada e o paciente continua a sentir dor mesmo com grandes
quantidades de analgésicos.
Por todos esses fatores, é importante que o paciente tenha
ciência de que a automedicação pode trazer sérios riscos à saúde e deve evitar
a automedicação, muito comum para quem tem o problema. A ajuda virá por meio de
um especialista que irá investigar e traçar um diagnóstico das causas e
tratamento mais eficaz para controlar a recorrência da dor.



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